CARAS DECORAÇÃO, MARÇO 2024
Na região da Comporta, um refúgio sedutor e feliz
Inspirado nas antigas e carismáticas cabanas de colmo da região, o Andringa Studio enaltece com este projeto os valores da tradição, reinterpreta a arquitetura desta zona costeira e acrescenta-lhe elementos de modernidade.
Teresa Mafalda
Fotografia por Nicolás Matheus
Páginas: 47-59 + Capa

A casa original encontrava-se em elevado estado de ruína, pelo que foi necessário proceder à sua demolição. Nasceu uma propriedade renovada, concebida em torno de uma figueira-da-índia, e agora distribuída por quatro volumes: casa principal, casa secundária, lavandaria e o ginásio, junto à piscina.
Foi convidado o estúdio de Rita Andringa para proceder aos trabalhos, tendo sempre presente o objetivo de criar uma residência pronta a receber hóspedes que desejam bem-estar e privacidade. Era ainda intenção dos proprietários que o projeto respeitasse com rigor a arquitetura local, identitária desta parte da costa alentejana, sem esquecer, no entanto, a necessidade de resposta às exigências da vida quotidiana, próprias do século XXI.
Nesta linha, a alvenaria, a madeira, o colmo ou a cana, elementos típicos das construções da região – as tradicionais cabanas –, foram aqui combinados com outros materiais mais contemporâneos, que acrescentaram conforto e modernidade, como é o caso, por exemplo, de alguns pavimentos em microcimento.
Esta foi também a oportunidade para Rita Andringa deixar a sua assinatura na forma como pensa e trabalha os interiores deste tipo de habitações. A base branca e o mobiliário em alvenaria fazem brilhar os padrões dos têxteis e o colorido das peças de decoração.
Aqui o destaque vai para as cerâmicas, a maioria assinadas por artistas portugueses, entre outros objetos de carismáticas marcas (Bazar Bizar, Costa Nova, Depósito da Marinha Grande, Objet Insolite ou Bordallo Pinheiro). Com arquitetura paisagista de Ana Videira/Greengest, o exterior revelou-se um prolongamento da abordagem aplicada dentro de portas. Dominam os tons terracota, o azul e o branco, cores ligadas à terra e à água, logo elementos que remetem para a Natureza, como se impõe, aliás, neste tipo de propriedade, um refúgio de evasão para dias de descanso e de partilha com o meio natural envolvente.
O edifício original estava muito degradado, pelo que foi demolido. O projeto acabou por ser concebido em tornode uma figueira-da-índia. A arquitetura paisagista foi assinada por Ana Videira/Greengest
Sofás, mesas e estantes em alvenaria, com portas de madeira e palhinha. Lareira decorada com azulejos portugueses pintados à mão. Destaque para peças em materiais naturais, candeeiro de mesa de Asma Belqrif
A mesa oval define o formato desta sala de jantar, cujos contornos se repetem no banco em alvenaria que circunda o espaço. Muitas cerâmicas, entre outras, da Bordallo Pinheiro, cadeiras alentejanas de Joaquim Boavida
Armários de alvenaria com portas brancas lacadas e puxadores em bronze. Os azulejos aplicados na superfície da ilha são pintados à mão por João Catarino. Ao fundo, destaque para os azulejos azuis que revestem a parede, junto ao fogão da La Cornue
A aplicação de alvenaria, madeira, cana, colmo e palhinha, materiais naturais típicos desta parte da costa alentejana, prolonga-se aos quartos, numa abordagem minimal, mas também rústica
CARAS DECORAÇÃO, MARÇO 2024
Luxo urbano: hotel Sublime Lisboa
A versão citadina do Sublime Comporta chegou à capital portuguesa. O Andringa Studio assina os interiores do hotel Sublime Lisboa.
Patricia Rocha
Fotografia Ricardo Santos

O hotel Sublime Lisboa ocupa um antigo palacete do início do século XX, no coração do bairro das Amoreiras.
“Desenvolvemos o que poderia ser uma versão citadina dos ambientes do Sublime Comporta”, conta Maria Inês Graça, do Andringa Studio, ateliê responsável pelo projeto (design de interiores, decoração, arquitetura paisagista e consultoria de arte).
“Tal como aconteceu com o hotel Sublime Comporta e o Sublime Comporta Beach Club, deixámos a Natureza falar – neste caso, a arquitetura, e construímos um conceito à volta disso”, continua Maria Inês Graça.
“O Sublime Lisboa é uma combinação de vários estilos. É cosmopolita, mas também tradicional, inusitado, divertido, clássico, suave, elegante e cheio de detalhes.”
Edifício. O antigo palacete lisboeta do início do século XX foi meticulosamente reabilitado para acolher o boutique hotel Sublime Lisboa, mantendo as características arquitetónicas e preservando a memória e o legado do edifício histórico.
Assinatura. Fundado em 2019 por Rita Andringa, o Andringa Studio é o ateliê responsável pelo projeto de design de interiores e decoração, assim como pela arquitetura paisagista e consultoria de arte do Sublime Lisboa.
O restaurante Davvero (davvero.pt), o novo italiano das Amoreiras, com carta assinada pelo chef Isaac Kumi, oferece uma esplanada, com capacidade para 24 pessoas, para agradáveis refeições ao ar livre.
O Sublime Lisboa apresenta um total de apenas 15 quartos e suítes, de várias tipologias, todos diferentes.
Escolhas. Entre os materiais eleitos destaque para “estuques, papéis de parede, metais, pavimentos em madeira e o tradicional mosaico hidráulico”.
Segundo o Andringa Studio, que assina também algumas das peças de mobiliário (minibares, armários), “os quartos apresentam diferentes ambientes, de cores mais quentes, como amarelos e laranjas, a tons mais frios, caso dos azuis e verdes”.
“Ainda que cada acomodação apresente uma personalidade própria, com uma paleta de cores cuidadosamente selecionada a partir de um estudo de Feng Shui, o papel de parede define o tom”, nota o Andringa Studio.